Os filhos são as (ex)tensões dos pais?

Releitura do quadro “O filho pródigo”, de Rembrandt van Rijn, feita pelo artista ucraniano Oleg Ilyich Shupliak.


    

    É natural que os pais queiram proporcionar aos filhos as melhores oportunidades possíveis, e que exista o desejo de guiá-los  para um futuro promissor, pois afinal, os filhos geralmente, em nossa cultura, entram como um dos principais “projetos de vida” e de realização pessoal na vida de seus pais.

    Porém, é importante lembrar que os filhos não são apenas uma extensão dos seus pais, e que eles não vêm ao mundo automaticamente com uma “missão incondicional” de realizar os sonhos e idealizações projetadas por estes pais. Os filhos, são outros sujeitos pensantes, indivíduos que têm sua própria personalidade; vontade; aspirações; metas; e visão de mundo.

    Infelizmente, na prática e na vida cotidiana, é muito comum que muitos pais acabem deslocando, mesmo que inconscientemente, para os filhos a realização de seus próprios objetivos de vida, e ideais a serem cumpridos, bem como suas próprias demandas pessoais, metas, frustrações, entre outros.

    Isso acaba, direta ou indiretamente, depositando nos filhos uma enorme carga emocional e de responsabilidade, que por muita vezes, no psiquismo do jovem, toma a forma de uma dívida simbólica com os pais, o que pode vir a tornar-se uma culpa frustrante, quando este não dá conta de atender à demanda que é dele esperada.

    Esta situação, acaba gerando um impasse enorme na vida dos jovens, que a partir disto, ficam, muitas vezes, divididos entre isso que de fato querem fazer; caminhos que querem de fato seguir, e aquilo que deles é esperado; antecipado; solicitado. Esta situação, tem enormes chances de desencadear sofrimento psíquico, o qual pode tomar grandes proporções, gerando sintomas de ansiedade, stress elevado, frustração desproporcional e até mesmo depressão.

    Portanto, é muito importante que os pais procurem entender e fazer a separação entre os seus desejos e sonhos, e os de seus filhos. Todavia, um fator muito importante e essencial, sem sombra de dúvida, é o papel dos pais em buscar conhecer seus filhos, e de fato reconhecê-los como seres pensantes, incentivá-los, e apoiá-los como sujeitos individuais, que têm sua própria subjetividade. 

    Os jovens são pessoas que estão descobrindo e construindo sua verdade, e seu caminho no mundo. Este entendimento, assegura que o jovem desenvolva e preserve sua saúde mental, e o encoraja na busca de sua própria autonomia.

    A imagem que foi escolhida para representar visualmente esta publicação, é uma releitura do quadro “O filho pródigo”, de Rembrandt van Rijn, feita pelo artista ucraniano Oleg Ilyich Shupliak, na qual, o artista conseguiu condensar, através de uma técnica surrealista, a imagem do filho à do pai como um rosto único, a partir do retrato do criador da pintura original.


Elvis Farias – 08/2022

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